Recentemente tive um contato maior com a obra V de Vingança, e com ela, gostaria de compartilhar com vocês uma curiosidade e alguns apontamentos sobre como uma história influenciou as políticas conteporâneas.
Um pouco de musica ambiente para sua leitura.
Em 2013 o jornalista brasileiro Januncio Neto, enviou e-mail ao artista David
Lioyd, co-criador de V de Vingança, perguntando se estava a par da situação política
no Brasil e o uso da mascara de Guy Fawkes nas manifestações. Só para recordar,
há 4 anos atrás inicio-se no Brasil uma série de manifestações contra o governo
a partir do aumento de R$0,20 na passagem dos ônibus. Foram grandes manifestações,
muitas pessoas machucadas em confrontos
entre policias e manifestantes, noticiários incapazes de cobrir todos os
acontecimentos e muita revolta popular. Assim como outrora em outros lugares do
mundo, a mascara V, ou Mascara Guy Fawkes, como preferirem, tomou conta de boa
parte dos protestos, como símbolo contra o abuso do Estado sobre o povo. Voltando ao email, Januncio Neto ainda fez um
pedido interessante: uma Sketch da
mascara caso Liody apoiasse a manifestação. Liody não apenas estava ciente dos
acontecimentos, como também via com bons olhos o uso da mascara nos protestos.
Perguntou qual era o lema dos brasileiros durante os acontecimentos e pouco
tempo depois, enviou a seguinte ilustração ao jornalista:
V for
Vendetta/ V de Vingança (1983~1989) é uma obra que transcendeu a muito o tempo.
Originalmente contando a história de um anarquista e sua pupila contra uma futura
Londres distópica, com um governo ditatorial governando os londrinos através de
câmeras e monitores, com computadores ajudando a transfigurara a informação no
melhor estilo de '1984' de George Orwell. A HQ era um prelúdio dos temores mais
sombrios de Alan Moore e David Liody com o rumo que a Inglaterra tomava através
do governo de Margaret Thatcher e sua maior aproximação com Ronald Reagan durante
a ultima década da Guerra Fria.
Em 2006
a obra ganhou uma adaptação cinematográfica, porém distancio muito de alguns
pontos importantes da HQ. Tamanho distanciamento, fez com que o escritor e
co-criador, Alan Moore, pedisse que seu nome fosse retirado dos creditos do
filme. Sem entrar em revelações de enredo, em quanto na HQ o uso da tecnologia
é vital para o desfecho da trama, assim como é o gatilho dos problemas dessa
Londres paralela, bem contexto Guerra Fria. No filme, Londres está sobe num
governo totalitário eleito democraticamente, mas aparenta maior flexibilidade
comparado ao da HQ. V vai conquistando terreno, através das falhas do governo
inglês, e simpatia de seus habitantes a sua causa, não explicitada claramente,
mas uma ideia que ganha força através da insatisfação generalizada. Uma
realidade mais próxima ao colapso da democracia discutido atualmente, comparado
ao fim do mundo durante a Guerra Fria. Digamos entre muitas aspas, que a HQ
está mais para '1984' quanto o filme para 'Admirável Mundo Novo'.
De
qualquer forma, o filme agradou muito o publico que ali observou mazelas do
nosso cotidiano. As pessoas que vão a protestos com mascaras de V de Vingança,
vão mais pela sua identificação com filme, do que com a obra original. Onde
"todos são um e um são todos".
Seja
pela falência de um estado Totalitário, através de um ditadura (HQ) seja por um
colapso das instituições democráticas (filme), V de Vingança ainda há de
inspirar muitos jovens para as futuras crises que virão. "Ideias
são a prova de balas" - V
Saudações de Algol!
Fonte:https://studiomadeinpb.wordpress.com/2013/06/23/david-lloyd-produz-sketch-em-apoio-aos-protestos-na-cidade-de-joao-pessoa-e-no-resto-do-pais/
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